11 de julho de 2008

Paladares


Quando a língua saiu, ela sabia exatamente o que ia fazer. Contou apenas até 1 e atirou-se em direção à outra casa com a intimidade de quem já tinha estado ali inúmeras vezes. Havia estudado aquele ambiente meticulosamente durante anos em simulações de guerrilha no gelo e conseguiria encontrar seu ponto de contato de olhos fechados. A senha foi traduzida em forma de um beijo demorado. Aquele seria o posto de informações para tudo que viria acontecer a partir dali. Seus riscos e acertos dependiam de forma crucial daquele primeiro encontro.

O beijo tornou-se despedida ao menos momentaneamente. Deixou o recinto sem nada dizer e partiu ao encontro da pele, deslizando até sentir o gosto francês da fragrância localizada de forma premeditada. Havia conseguido as pistas até aquele lugar através de feromônios muito bem informados.

Sua presença era sempre uma grande surpresa. Os pêlos levantaram-se todos ao mesmo tempo, mas não ousaram correr. O exército, como um todo, ficou à mercê de um ataque que não exitou em passar simplesmente por cima.

Após alguns momentos de tortura, a íris contou o que língua nenhuma diria de forma tão fácil. Ela estava a poucos centímetros do que seria seu objetivo final ou início de tudo. E sabia, acima de qualquer coisa, que teria que agir com absoluta precisão.

6 comentários:

ANNA disse...

A vitória do paladar sobre os outros 4 sentidos.

Rodolfo Barreto disse...

Vitória ou couvert?

Mila disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Mila disse...

couvert! risos...


muito bom o texto, a descrição é perfeita!

Já está nos meu favoritos.

Aline disse...

Adorei!

Beijos.

Rodolfo Barreto disse...

@ Mila
Obrigado por me tornar um dos seus favoritos. Seja bem-vinda ;)

@ Aláinê
E aí? Tá quase? Me avisa!
Abraço grande pro Serginho!